Vocês ainda não se conhecem pessoalmente, mas o coração do seu filho já bate mais rápido quando ele ouve o som de sua voz. Mesmo que você não seja do tipo que fala o tempo todo com a a barriga, já está conectada a seu bebê desde os primeiros momentos da gestação.
Apesar de o vínculo mãe-bebê já existir antes mesmo do nascimento, ele só é desenvolvido de fato no momento em que os canais de comunicação são colocados em prática - o que acontece por meio dos cinco sentidos.
Hoje sabemos que, quando nasce, o bebê já é capaz de enxergar, de distinguir a voz e o rosto da mãe, de reconhecê-la pelo cheiro, de estabelecer com ela um contato olho a olho. Portanto, a maneira como você olha para o bebê e o segura, a forma como canta para niná-lo, tudo isto contribui para fortalecer o primeiro laço.
Segundo a médica psicanalista Ângela Fleck Wirth, mãe de Letícia e Frederico, que estuda a relação mãe-bebê, os momentos após o parto são muito importantes. Nesse momento, a mãe está com a sensibilidade aumentada, com mais condições de se conectar ao bebê. E o recém-nascido, por sua vez, está apto a conquistá-la. Porque, ao contrário do que a idealização em torno da figura materna prega, o sentimento de ser mãe não é algo que vem pronto. A mulher pode levar alguns dias após o nascimento para se sentir mãe daquele bebê, que também é ativo na constituição desta relação, diz a doutora Ângela.
O período de gestação e o primeiro ano de vida são básicos para a saúde mental do indivíduo. O bebê precisa desse vínculo forte com a mãe porque depende totalmente dela. Quanto mais ela consegue suprir as necessidades do seu filho, mais ele poderá, depois, se afastar e seguir o seu caminho com independência.
Mas, para conseguir dar conta de tudo isso, é preciso que a mãe esteja bem, em contato com os seus sentimentos, e receba apoio do pai da criança, de amigos ou de profissionais como médicos, psicólogos...Como afirma Dr. Fernando José de Nóbrega, pai de Luís Fernando, Maria Leonete, Márcio, Maurício, Todi, Manoel e Lalo, no livro Vínculo Mãe/Filho, o estado psíquico da mãe é mais importante que os cuidados que ele oferece ao filho. O bebê precisa da ajuda materna para processar estímulos de fome, frio, dor. Quando a mãe está incapacitada, tanto física como emocionalmente, sua sensibilidade diminui, e o bebê fica desprotegido e impossibilitado de assimilar o que acontece em seu ambiente. O alimento afetivo é tão indispensável para a sobrevivência do ser humano quanto o oxigênio que respira ou a água e os nutrientes que ingere.
Como resumiu o pediatra e psicanalista inglês Dr. Donald Winnicott, um bebê sozinho não existe. Vincular-se à mãe, ao pai, a algum adulto que o olhe, abrace, cuide é vital para a criança. Por isso, alimente todos os dias sua conexão com o seu filho. Olhe, toque, beije, cheire, cante para ele. Este vínculo vai se estabelecendo com o tempo, e mais importante do que se preocupar em prover o seu filho com bens materiais, está em demonstrar o quanto ele é querido e desejado dando-lhe atenção e amor. Porque um bebê sozinho não existe. Nem uma mãe.
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